Como estará o mundo daqui a 10 anos?

A instituição de pesquisas estratégicas Stratfor fez suas previsões sobre como estará o mundo em 2025

A Stratfor, um respeitado think tank da área de geopolítica e desenvolvimento internacional, publicou recentemente um estudo especulando quais serão as principais mudanças em relação ao cenário internacional nos próximos dez anos. De forma geral, o relatório “Decade Forecast: 2015 – 2025” (Previsão para a década: 2015 – 2025) acredita que o mundo se tornará um lugar mais perigoso e instável nos próximos anos, com os Estados Unidos e outras grandes potências exercendo menor influência na política internacional. Confira algumas das mais surpreendentes previsões da organização de inteligência internacional para a próxima década.

A Rússia vai entrar em colapso

A Rússia vai entrar em colapso

“Não vai haver uma revolta contra Moscou, mas sua capacidade de apoiar e controlar a Federação Russa irá murchar e deixar um vácuo”, Stratfor adverte. “O que existirá neste vácuo serão os fragmentos individuais da Federação Russa”.

Sanções, preços do petróleo despencando, o rublo russo em um abismo, despesas militares que só sobem e contínuas discórdias internas irão enfraquecer o controle do governo central sob seu vasto território. A Rússia não vai oficialmente se dividir em múltiplos países, mas deve se tornar uma série de estados semiautônomos que não conseguirão conversar entre si. “É improvável que a Federação Russa sobreviva nessa forma atual”, afirma o relatório.

Os EUA terão de usar sua força militar para garantir a segurança das armas russas

Os EUA terão de usar sua força militar para garantir a segurança das armas russas

As armas nucleares russas estão espalhadas por todo seu vasto território. Se a desintegração política prevista pela Stratfor realmente acontecer, todo o estoque de urânio russo poderia acabar exposto ao maior e mais perigoso vácuo político do mundo.

A perda do estoque de armas nucleares da Rússia será a “maior crise da próxima década”, de acordo com a Stratfor. E os EUA terão de interferir, mesmo que isso signifique enviar tropas ao país. “Washington é o único poder capaz de resolver o problema, mas não será capaz de tomar o controle do vasto número de áreas militarizadas e de garantir que nenhum míssil será disparado no processo”.

A Alemanha enfrentará problemas

A Alemanha enfrentará problemas

A Alemanha possui uma economia dependente da exportação, e que tem se beneficiado amplamente da liberalização comercial possibilitada pela União Europeia e pelo euro. Para a tristeza dos alemães, isso significa que o país tem muito a perder com o agravamento da crise do euro.

Segundo a Stratfor, em uma década o consumo interno do país não conseguirá mais suprir a perda sentida pela queda nas taxas de exportação e declínio da população. O resultado será a estagnação. “Nós esperamos que a Alemanha sofra severas reversões econômicas na próxima década”, afirma o relatório.

A Polônia será um dos líderes europeus

A Polônia será um dos líderes europeus

“No centro do crescimento econômico e influência política crescente estará a Polônia”, afirma o relatório. A população polaca não terá um declínio tão acentuado como de outras economias europeias.

O fato de a Polônia ser um dos maiores e mais prósperos Estados europeus na fronteira ocidental da Rússia também irá conferir ao país uma posição de liderança regional, que pode ser ampliado para um prestígio econômico e político ainda maior. E a parceria antiga e estratégica com os EUA só tem a acrescentar.

Existirão 'quatro Europas'

Existirão ‘quatro Europas’

Não foi há muito tempo que a Europa parecia ser uma força incomparável, com fronteiras políticas e econômicas entre seus países se dissolvendo e o regionalismo e nacionalismo desparecendo da política do continente. Em 10 anos, tudo isso pode se tornar somente uma memória distante. O relatório da Stratfor fala de uma Europa dividida em quatro, com partes cada vez mais distantes uma da outra. O continente estaria dividido em Europa Ocidental, Europa Oriental, Escandinávia e Ilhas Britânicas.

“Alguns estados poderão manter uma associação em uma extremamente modificada União Europeia, mas isso não irá definir a Europa”.

Turquia e EUA terão de ser aliados próximos, mas por razão inesperada

Turquia e EUA terão de ser aliados próximos, mas por razão inesperada

Diversos países árabes estão em declínio, e o Decade Forecast não vê esse caos acabando tão cedo. O país que mais se beneficiará de tudo isso será a Turquia, um Estado forte e relativamente estável, cujas fronteiras se estendem por todo o Mar Negro até a Síria e o Iraque.

Inicialmente, a Turquia se sentirá relutante em interferir nos conflitos próximos ao seu território, mas inevitavelmente terá de fazê-lo, de acordo com o relatório. Com o aumento da força de Ankara sobre a região, o país se tornará parceiro indispensável dos EUA. Mas a Turquia pedirá algo em troca dessa aliança: uma linha de defesa contra a Rússia e suas bases militares na vizinha Armênia. “A Turquia continuará a precisar do envolvimento dos EUA para razões militares e políticas”, afirma a previsão.

A China enfrentará um grande problema

A China enfrentará um grande problema

A China enfrentará uma década difícil, com a desaceleração do crescimento econômico e, consequentemente, o descontentamento da população em relação ao Partido Comunista. O partido, no entanto, não deve mudar suas políticas econômicas, e a única opção viável será aumentar a opressão interna.

Pequim também enfrenta outro problema, talvez até maior que a desaceleração: a desigualdade. Seu crescimento econômico não foi distribuído uniformemente em seu território. Cidades costeiras estão prosperando, mas o interior do país tem pouco acesso a mercadorias internacionais e é muito mais pobre. E o problema só tende a piorar com o aumento da urbanização. Segundo o relatório, existe um improvável, mas “concebível resultado em que os interesses políticos da costa se rebelem contra a política de Pequim de transferir riquezas para o interior para conter a agitação política”.

O Japão será uma potência naval em ascensão

O Japão será uma potência naval em ascensão

A tradição marítima do Japão data de séculos atrás, e como nação insular, o país é bastante dependente das importações. A China está construindo uma poderosa frota naval própria, e pode tornar-se ainda mais agressiva no controle de rotas de navegação das quais o Japão é bastante dependente. O país, então, não terá outra opção senão proteger seu poder na região e suas rotas de abastecimento. E com a diminuição do poder americano, terá de fazer isso por conta própria.

Ilhas construídas pela China na Ásia não causarão uma guerra

Ilhas construídas pela China na Ásia não causarão uma guerra

As potências asiáticas decidirão que a disputa pelas ilhas construídas pela República Popular da China no Mar da China Meridional não valem uma grande mobilização militar. “Em vez disso, um velho jogo com três jogadores irá surgir. Com a Rússia, potência em declínio, cada vez mais perdendo a capacidade de proteger seus interesses marítimos, Japão e China”. Para a Stratfor, China e Japão entrarão em conflito para conquistar o controle das águas dessa região.

Existirão 16 novas 'pequenas Chinas'

Existirão 16 novas ‘pequenas Chinas’

O crescimento econômico e a capacidade de produção chinesa irão desacelerar, apontam as previsões, e essas são ótimas notícias para alguns de seus maiores concorrentes.

Enquanto o crescimento da China irá estagnar – levando a imprevisíveis consequências políticas e econômicas – México, Nicarágua, República Dominicana, Peru, Etiópia, Uganda, Quênia, Tanzânia, Bangladesh, Mianmar, Sri Lanka, Laos, Vietnã, Camboja, Filipinas, e Indonésia podem ver suas economias melhorarem na próxima década com o surgimento de muitos empregos na área manufatureira, se tornando ‘pequenas Chinas’.

EUA devem ser mais cautelosos

EUA devem ser mais cautelosos

Com a transformação do mundo em um lugar ainda mais desordenado e imprevisível nos próximos 10 anos, os Estados Unidos responderão com um cuidado a mais na hora de escolher seus desafios, ao invés de tentar usar sua liderança para resolver todos os problemas do globo.

A economia em crescimento, o surgimento da produção de energia doméstica com o gás de xisto, as exportações em declínio e a segurança de estar em uma das regiões mais estáveis do mundo vai dar os EUA o luxo de poder se isolar das crises mundiais. “Os Estados Unidos continuarão sendo a maior potência econômica, política e militar no mundo, mas estará menos engajado que no passado”. Enquanto este papel mais contido dos EUA pode tornar o mundo um lugar ainda menos previsível, é realidade que outros países serão duramente atingidos pelas crises internacionais.

Como estará o mundo daqui a 10 anos?